domingo, 29 de dezembro de 2013

Era sexta-feira e meu telefone tocou. Não era costume ver aquele número na tela, então, atendi surpresa. Uma voz tranquila perguntava se eu não queria vê-lo mais tarde mas, eu sabia que havia algo de errado. Eu tinha certeza.

Concordei sem hesitar. Em menos de 1h eu já estava pronta, aguardando por ele. Ele, sempre pontual e lá estava ele, encostado em seu carro. Com um abraço quente e aconchegante, ele me acolheu em seus braços, sussurrando um olá. Em retribuição, apenas prolonguei o abraço, apertando-o mais. Ele me afastou e com seus olhos profundos e completamente perdidos, ele sorriu. Ah, me perdi naquele minuto. Só eu sabia o quanto aquele sorriso era marcante e o quanto aquilo era capaz de me mudar por dentro. Só eu sabia o quanto aquilo era capaz de trazer o meu melhor à tona, mas ao mesmo tempo, o quanto aquilo era capaz de me destruir também.

Não precisava de mais nada. Ele apenas se sentou na calçada e deu espaço para que eu me sentasse ao lado. Tirou um de seus fones de ouvido e me entregou o lado direito; No celular, ele procurava sua música favorita e então, apenas ficamos ali, imóveis, vendo o movimento da rua, sentindo a leve brisa batendo na copa das árvores. Não vi o tempo passar, e ele certamente também não viu. O sol se pôs diante dos nossos olhos, e então, ele levantou-se.


“Está na hora de ir”. Eu não queria soltá-lo, não queria deixa-lo ir. O destino era incerto. O meu, o dele e o nosso. Mas, eu apenas tive que respirar fundo e deixa-lo partir mesmo querendo estar tão perto, tão junto, eu tinha que deixa-lo ir e assim o fiz. 

Eu o deixei ir.

- Maiara Viveiros.